A
maneira como acontece o descarte do lixo é um problema que tem se
agravado e há muitas controvérsias a respeito de quem deve se
responsabilizar por ele. Tal cuidado é dever público ou privado?
Leis brasileiras, como a 12.305/2010, tentam solucionar esses
problemas e tornar mais claras tais discussões, porém são de
difícil aplicação, pois envolvem inúmeros fatores sociais
(campanhas de incentivo e de educação populacional) e financeiros
(verbas públicas). De acordo com Lei, a responsabilidade pelo lixo
passa a ser compartilhada e envolve cidadãos, empresas e
prefeituras, além das outras esferas de governo. Uma das
determinações é que todo município terá que implantar um sistema
de coleta seletiva, sendo que as cooperativas de catadores terão
prioridade e serão dispensadas de licitação.
Em
Mariana, a coleta seletiva é realizada pelo Centro de Aproveitamento
de Materiais Recicláveis (CAMAR) em parceria com a Prefeitura.
Segundo o diretor da Secretaria Adjunta de Limpeza Urbana (SALU),
Omar José Gomes, a coleta seletiva ainda é deficiente. Ele acredita
que o problema acontece por falta de conscientização da população
e que a prefeitura tem que fazer “um intercâmbio”: “Ela peca
nesse aspecto, tem que informar melhor”. Além disso, o diretor
ressalta o pequeno número de lixeiras e o vandalismo, que acaba por
diminuir as poucas disponíveis.
Omar
Gomes define a responsabilidade da prefeitura no trato dos detritos
como “total”, ou seja, a SALU cuida da limpeza de ruas e
córregos, varrição, capina e coleta. Fica como dever do cidadão
cuidar do resíduo gerado por ele, a separá-lo corretamente e
colocá-lo na rua nos horários preestabelecidos: “A coleta é
feita à noite, mas a população não coloca o lixo no horário
certo. O certo seria até às 11 da noite”, afirma.
Com o
passar dos anos, o aumento do volume de resíduos tem sido em larga
escala. A necessidade de conscientização e investimento na coleta
seletiva tem se tornado cada vez mais fundamental. Ajudar os
coletores e artesãos que vivem desses materiais traz um impacto que
vai além da responsabilidade social, alcançando a esfera ecológica
e contribuindo com a sustentabilidade. De acordo com Dona Zizinha,
vice-presidente do CAMAR, “ainda vem muita ‘porcaria’ (sic),
móveis velhos e muita comida misturada. Muita gente coloca lixo
comum no meio do que vem pra cá”. Para ela, além da
conscientização, a população ainda precisa se informar a respeito
dos materiais que são ou não recicláveis.
Bonecos gigantes da Toca do Zé Pereira |
Dona Maria revela que as caricaturas são feitas de taquara, papel machê, jornal, grude (feito de farinha de trigo ou polvilho) e arame recozido para poder fazer os esqueletos. “Fazíamos braços de piteira, mas ficou muito perigoso, por que os bonecos que rodavam na rua batiam nas pessoas e elas achavam ruim. Então de repente eu estava olhando umas garrafas pet e decidi reciclar, fazer os braços com elas. E a gente também usa papéis de computador que as pessoas não usam mais”, explica.
Criações de Dona Lica Foto: Francine Vilas Boas |
Esse lixo é nosso
Para
que as engrenagens da limpeza urbana funcionem é necessário
cooperação, tanto na relação prefeitura-morador, quanto
morador-vizinhança. Com o cidadão fica a responsabilidade de
descartar o lixo corretamente, procurando saber quais os horários
de coleta e
o que pode ser reaproveitado. Já a prefeitura, tem o dever de manter
os serviços de limpeza urbana funcionando, além de – através de
campanhas de incentivo e educação – fazer com que o cidadão se
sinta motivado a contribuir com o desenvolvimento sustentável.
Acompanhe também o Making of da matéria.
Acompanhe também o Making of da matéria.
Edição
final: Maysa Alves da Silva | Edição: Ana Clara Teixeira de Castro,
Maysa Alves da Silva | Fotografia: Francine Vilas Boas Silva, Maysa
Alves da Silva, Aldo Damasceno | Making-off: Aldo Damasceno.
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