Descarte do lixo

Por Flávio Ernani, Túlio dos Anjos Castro, Thiago Novais Marques


Por muito tempo a maioria das cidades só possuiam lixões, lugares onde são encontrados vários tipos de resíduos: restos de alimentos, papel, latas, lâmpadas; há alguns surpreendentes como eletrodomésticos, móveis e até mesmo animais mortos. A forma de descarte, inadequada, gera danos ao meio ambiente, afeta o solo e a qualidade do ar, devem ser levados em conta os diferentes tipos de lixo.


É lixo ou alimento?

Sabe aquele tomate que ninguém compra porque está maduro demais? A abobrinha que ficou murcha? E a banana que você joga fora pois a casca está ficando escura? A maior parte desses alimentos pode ser reaproveitada. O tomate pode ser usado em molho, a banana pode virar bolo. Não jogar fora alimentos em condições de uso é uma questão de humanidade. Saber reutilizar é uma questão de escolha.
Segundo José Carlos de Sena, sub-gerente do Sacolão Center de Mariana, no estabelecimento nada vai diretamente para a lata de lixo: “Os alimentos que os fregueses não compram, servindo para o consumo humano, nós doamos às obras sociais em Mariana. E o que não, os criadores recolhem para os animais. Tudo é aproveitado”. O descarte consciente dos restos de alimentos, inseridos no grupo dos resíduos orgânicos, deve levar em conta o lado humano.
Doação para a Comunidade Figueira. Foto: Túlio dos Anjos
O Centro de Apoio ao Deficiente - Comunidade da Figueira, em Mariana, é um exemplo de esforço coletivo para que somente o mínimo seja descartado. O Centro é um dos locais que recebe doações de alimentos que não são vendidos. Para Coramar Maria Cardoso, coordenadora da Comunidade Figueira, os alimentos recebidos são extremamente importantes para a manutenção da comunidade. São 58 alunos mais 15 funcionários que se alimentam de legumes, verduras e frutas recebidos semanalmente: “A quantidade de alimentos que chega é muito grande. Não conseguimos consumir tudo e dividimos o restante entre as famílias dos alunos, já que muitos não teriam condições de comprar”, explica. Segundo Coramar, somente o que está estragado vai para o lixo.


E o resíduo hospitalar?

Lixeiras do Hospital São Camilo. Foto: Flavio Ernani
Os hospitais devem seguir o Plano de Gerenciamento de resíduos dos Serviços em Saúde (PGRSS), regulado pela ANVISA. Os resíduos são divididos em quatro tipos: comum, infectante, anatômico e reciclável.
Os lixos infectante e anatômico, gerados no Hospital São Camilo, em Mariana, são recolhidos semanalmente por uma empresa terceirizada, os resíduos são levados até a cidade de Ouro Branco, onde são incinerados: “Somos responsáveis por todo o processo, desde a geração do lixo até o destino final”, afirma a coordenadora de hotelaria do hospital, Tarcila Torres Costa. Todos os funcionários são treinados quanto à maneira correta do descarte. O lixo comum vai para o aterro municipal, já os recicláveis são recolhidos pela empresa responsável no muncípio, a Camar.


O que fazer com pilhas e baterias?

Recipiente de coleta do SJ Supermercados
Foto: Thiago Novais
As pilhas, assim como as baterias e lâmpadas têm substâncias tóxicas na composição, que contaminam o solo, nascentes e o ar, descartá-las como lixo comum é um perigo. Segundo a LEI N° 2.428/2010 após a vida útil, elas devem ser entregues em pontos de coleta. No SJ Supermercados, em Mariana, há um ponto de coleta perto dos banheiros, apesar de ser pouco divulgado até mesmo para os funcionários. O destino desses materiais é a central que fica em Contagem. A recepção da central, no entanto, não soube informar o local de descarte final dos contaminantes. No supermercado Eldorado, também em Mariana, não há recolhimento desses materiais.
A dona de casa Lícia Gerçossimo, 51, descarta as pilhas e lâmpadas no lixo comum, afirmando desconhecer pontos de coleta em Mariana: “Acho que tem um em frente à Secretaria de Educação, mas não tenho certeza”. A Secretaria informa que não há coleta para esses materiais.
     Não tendo cuidado com esses materiais, quem irá arcar com as consequências? Provavelmente o meio ambiente, acabando por afetar a todos.


Confira o making of da reportagem.


Edição final: Flávio Ernani | Edição: Túlio dos Anjos Castro| Fotografia: Thiago Novais Marques | Making-off: Túlio dos Anjos Castro.

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